HÁ UM TOQUE DE MENTIRA À luz da psicologia/filosofia
- Rodney Sales
- 25 de jul. de 2017
- 4 min de leitura

Porque mentimos é por que somos bons nisso? Simplesmente porque funciona. A literatura, o cinema, as artes num todo trazem a mentira como ponto de reflexão. Os pais (se acham bom ou) se sentem bem quando conseguem engar o próprio filho com argumentos que eles ainda não dominam. Sem perceber, na verdade, estão é ensinando aos poucos para a criança, a arte de mentir e engana e ludibriar. Mentirosos sem cerimônia e todos nós mentimos de um jeito ou outro. Mark Twain: “todos mentem todo dia, toda hora, acordado, dormindo em sonhos, nos momentos de alegria de tristeza. Ainda que a boca permaneça calada, as mãos, os pés, os olhos, a atividade transmitem falsidade.” Dito a mais de um século. Nossa falsidade vai além da mentira verbal. Mentimos por omissão e intrínsecas sutilezas. Outras incontáveis formas: maquilagem, perucas, tinturas, unhas, plástica, vestuários, perfumes, choramos lágrimas de crocodilos, fingimos prazer, disparamos “bom dia” com sorriso falso. No mundo animal e vegetal eles se comunicam só por sons, cores, aromas, rituais exibicionistas entre outras formas. Biólogos pensam que a função é transmitir informação precisas. Mas aprendemos que é enviar mensagens precisas para perpetuar a espécie.
Estudos de depressão Pessoas com depressão moderada enganam menos a si mesma (auto avaliação). Pensamentos que na verdade que levam a depressão: todos vão morrer, eu vou morrer meus entes queridos também e grande parte do mundo vive na miséria. Portanto, não há razão para ser feliz.
Enganando a nós mesmo O autoengano é roubar no jogo de paciência, o dinheiro da própria conta bancária, etc. Entendendo o celebro: o sistema responsável pela cognição (pensamento) é distinto do que produz experiências conscientes. Mark Twain, a mais de um século, disse: “quando uma pessoa não consegue enganar a si próprio, não há muita chance de conseguir enganar os outros.” Enganar a nós mesmos permite-nos manipular egoisticamente os que nos cercam e permanecer convenientemente inocentes perante os próprios olhos. O autoengano é para os cientistas, uma ferramenta manipulação social.
Na política A filosofa Hanna Arendt, a verdade nada pode fazer diante da política, pois esta convive muito bem com a mentira. As três formas de verdade filosófica 1. Um texto de Heidegger, “sobre a essência da verdade”, é a “Aletheia” (desvelamento, não escondido, não-ocultamento). Antigamente os filósofos buscavam o que estava oculto, do escondido, dos mistérios, dos maravilhas, do bem, do belo, do justo em pró do homem. O filosofo se diferenciou por não aceitar a verdade sem questionar. Se o homem diz que as coisas são assim e não as questiona, o filosofo quer saber por que são assim e não de outro modo ou maneira. Levando as últimas consequências. 2. Verdade e a adequação das ideias, das palavras às coisa. É procurar a melhor adequação do intelecto às coisas, do pensamento à coisa pensada. Em que medida o pensamento corresponde a realidade? A ideia que temos de um Deus corresponde a um ser realmente existe ou não passa de uma ficção? 3. O filosofo Descartes nas “Meditações” tenta reduzir criando um ponto de partida ou verdade que não podia ser contestadas de forma alguma com seu primeiro fundamento, “Penso”. A filosofia sempre conviveu com todas as verdades, com algumas variantes. Portanto, o ocultamento, a inadequação ou o calculo errado por falta de procedimentos, eis o que pode induzir ao erro, sendo a mentira caracterizada coo um procedimento equivocado, porém, deliberadamente equivocado e não por falta de conhecimento.
O olhar do outro Jean-jacques Rousseu tomou para si a frase: “Vitam impenpere vero” (dedicar a vida à verdade). Para ele a vida em sociedade pauta-se necessariamente pelo processo de representação. Com a sociedade, inicia-se a competição para reconhecimento público, “Ser o melhor aos olhos do público”, num jogo de revelar e ocultar o “ser”, que perderá o brilho para o “parecer”. Na forma de costumes, essa questão será ainda mais difícil de responder, pois, agir e viver de acordo com os costumes é respeitar as tradições que estão carregadas de dissimulação e rituais que dizem muito mais ao “parecer” do que ao “ser”. Quanto mais sofisticadas, mais as sociedades exigem de seus membros comportamentos de acordo com as regras e a etiqueta. Não seria exagero afirmar que nelas tudo é fingimento, subterfugio, ocultamento, mentira. O homem transparente nessas sociedades seria um peixe fora d’agua pois, ser ele mesmo quebraria o “natural” da dissimulação e será mal-sucedido. ”Emílio” de Rousseau, será um indivíduo educado para ser o oposto do homem padrão, não se deixa impressionar pelas exigências da opinião pública, do olhar do outro, fica envergonhado se for ter que mentir.
O palco da hipocrisia A atual crise política indica uma possibilidade de mudança na visão da psicologia. Na esfera social e individual, a mentira muitas vezes tem a função de preservar do Eu. Imagine revelando ao outro vários de nossos pensamentos ocultos que não podem ser partilhados por razão moral, funcional e relacional. Quem não omite sentimentos? Quem não mente para agradar outrem por quem tem apreço? Quem não se auto preserva omitindo dados pessoais? Quem não guarda segredos? Quem não busca alguma ilusão de bons momentos? Quem não gosta de ganhar dinheiro ou obter poder? Quem não busca satisfação rápida, sem esforço? Quem não gosta de usufruir dos favorecimentos do poder? RODNEY R. SALES Psicologia clínica – Psicanálise CRP - 8396/04
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